terça-feira, 20 de setembro de 2011

Entrevista com Agostinho Patrus Filho

Confiram a entrevista exclusiva que fiz com o Secretário de Estado de Turismo, Agostinho Patrus Filho, para o jornal DIÁRIO DO COMÉRCIO.

MARA BIANCHETTI.

ALISSON J. SILVA
Secretário quer o interior com infraestrutura turística

O secretário de Estado de Turismo, Agostinho Patrus Filho, conduz os trabalhos no governo de Minas pautado por sua larga experiência na vida política. Eleito para o primeiro mandato como deputado estadual pelo Partido Verde (PV) em 2006, já no ano seguinte tornou-se o líder da bancada do PV na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em 2008, passou a ser o líder do Bloco Parlamentar Social (BPS), que reunia os partidos PV, PPS, PSB e PSC.

Natural de Belo Horizonte, é formado em Administração e pós-graduado em Gestão Empresarial e em Logística pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A política sempre marcou a vida e a carreira de Agostinho Patrus Filho. Seu pai, Agostinho Patrus, foi deputado estadual por seis mandatos, presidente da ALMG, secretário de Estado da Casa Civil e Comunicação Social e secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas.

Em 2008, o senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) convidou Patrus Filho para assumir a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), cargo no qual permaneceu até janeiro de 2010. No início do ano passado, Agostinho Patrus Filho deixou a Sedese para retomar as atividades parlamentares e disputar as eleições, quando foi eleito o nono parlamentar mais bem votado no Estado.

Desde janeiro de 2011, Patrus Filho está à frente da Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, afirmou que o principal foco do atual governo para a pasta é a interiorização do turismo e que a expansão do Expominas deverá sair nos próximos meses. Ele destacou também o fato de Minas Gerais ter sido pioneira na inclusão do turismo na distribuição de parcela de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

ALISSON J. SILVA
Interiorização do turismo e expansão do Expominas são ações prioritárias

De que forma sua experiência favorece a gestão do turismo mineiro?

Na vida política e no dia a dia da Assembleia, a gente aprende que é preciso estar disposto a ouvir opiniões contrárias às suas e aceitar as ideias dos outros, porque muitas vezes elas são mais benéficas. Já a experiência na Sedese tem sido importante por representar a vivência em outra secretaria e em outro governo, contribuindo para a antecipação de questões atuais.



Qual o direcionamento do governo Anastasia para o turismo no Estado?

O direcionamento da atual gestão teve início já com a lei delegada que mudou e ampliou as atribuições da Setur. Pela primeira vez desde a sua criação, a secretaria passou a poder executar direta ou indiretamente todas as suas ações. No passado, os projetos eram executados somente em parceria com as demais secretarias, o que dificultava o processo.



E quais seriam estas ações?

O fomento da instalação de empreendimentos ligados às atividades turísticas no Estado; a difusão da cultura, por meio da atuação conjunta com a Secretaria de Estado de Cultura (SEC); a implantação e adequação das infraestruturas necessárias ao deslocamento dos turistas, em parceria com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop); entre outras. Entretanto, sempre visando o objetivo maior da gestão, que é a interiorização do turismo. Por determinação do governador Antonio Anastasia, devemos trabalhar Belo Horizonte, mas voltar sempre nossas atenções e ações para o interior do Estado.



Quais são os principais projetos e programas executados pela Setur?

Temos como projetos especiais a expansão do Centro de Feiras e Exposições George Norman Kutova, o Expominas, no bairro Gameleira, na região Oeste da Capital; a estruturação de atrativos e destinos turísticos das cidades do interior; a criação de festivais culturais e gastronômicos nas cidades mineiras; e a construção de terminais rodoviários em alguns municípios. Além disso, objetivamos ainda o desenvolvimento da rota de Peter W. Lund, que também é um atrativo importante para a região Central, e a criação de um programa chamado "Minas Criativa", que vai trabalhar a identidade criativa e competitiva de Minas Gerais e de seus produtos turísticos.



Existe a ideia de que o turismo mineiro está muito voltado para as cidades históricas. Quais são as demais potencialidades que o Estado possui?

São muitas as potencialidades. Além das cidades históricas, temos parques nacionais e estaduais belíssimos; o Circuito das Águas, que recebe um número imenso de turistas; os lagos de Furnas e de Três Marias, que possuem potencial e já têm recebido volume interessante de visitantes; as fazendas centenárias, localizadas no entorno de Belo Horizonte, e que contribuem para a vivência do turismo mineiro; em Belo Horizonte, com parte do espaço já em atuação, o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, que vai se transformar, em breve, no maior espaço aberto de cultura do país. Temos também o Centro de Arte Contemporânea de Inhotim, no município de Brumadinho, que cada vez mais se consolida nacional e internacionalmente. Minas Gerais tem muito a oferecer.



Como são alocados os investimentos do Estado para promover essas potencialidades?

Por meio da divulgação em outros estados e no exterior, participando de feiras, congressos e exposições, e pela estruturação dos municípios. A "Casa de Minas", um espaço para divulgação dos produtos turísticos de Minas Gerais em São Paulo, também funciona como um importante instrumento para o fomento da atividade turística do Estado, já que a capital paulista é uma porta de entrada importante, visto que o Estado é o principal emissor nacional de turistas para Minas. Além disso, temos trabalhado na ampliação dos voos do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), em Confins.



Qual a importância do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) turístico?

Pela primeira vez na história da economia brasileira, foi feita a inclusão do critério turismo na distribuição de parcela de arrecadação do ICMS estadual. Com isso, os municípios terão incentivo financeiro para trabalharem a sua gestão turística. O ICMS Turístico atua como motivador e catalisador de ações, visando estimular a formatação e a implantação, por parte dos municípios, de programas e projetos voltados para o desenvolvimento turístico sustentável. Este é o primeiro ano de distribuição e, pela média que está sendo distribuída, cerca de R$ 10 milhões serão levados a mais de 40 municípios para que os mesmos possam utilizar os recursos no setor.



Muito se fala na consolidação de Belo Horizonte como capital do turismo de negócios e eventos. No entanto, a infraestrutura não é deficitária?

Acredito que esse déficit aconteça justamente pelo bom trabalho de divulgação que vem sendo feito nos últimos anos pelo governo de Minas, através da Setur, e pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Belotur, trazendo eventos e incentivando a vinda de turistas para a Capital. É importante promovermos o aumento da capacidade de receber. Por isso, uma das ações prioritárias da gestão é a expansão do Expominas, que deverá acontecer nos próximos meses. Além disso, a PBH, por meio de incentivos com a redução de impostos, atraiu diversos hotéis para Belo Horizonte, o que elevará para 35 mil o número de leitos da cidade até a Copa do Mundo.



Mas o maior problema diz respeito à escassez de espaços para realização de eventos...

O aumento da capacidade de eventos e feiras na cidade acabou gerando essa questão, que também está sendo trabalhada, com investimentos públicos e privados. Além disso, estamos investindo na diversificação do turismo da cidade, para que possamos ampliar nossa capacidade de receber, seja através do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, das estadias dos hotéis, do aumento dos espaços para eventos ou dos atrativos locais.



A prefeitura possui o planejamento de construção do Centro de Convenções Municipal. O projeto do Estado visa somente a expansão do Expominas ou prevê outros espaços?

Temos que trabalhar em primeiro lugar na ampliação do Expominas, pois esta é a grande demanda que temos. Há ainda as intervenções que estão sendo realizadas no Estádio Raimundo Sampaio (Independência), para a Copa do Mundo de 2014, e que permitirão que o estádio funcione como uma grande arena multiuso na Capital, e os investimentos que estão sendo realizados pela iniciativa privada, na criação de alguns espaços para receber eventos.



A Fundação João Pinheiro (FJP) está trabalhando em um diagnóstico para verificar as necessidades do turismo da RMBH. O que já foi feito?

O objetivo é identificar os aspectos falhos do setor e propor possíveis soluções, por meio da criação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável. A expectativa é de que os aportes destinados à execução das ações a serem implementadas no próximo exercício totalizem US$ 30 milhões. A previsão é de que o levantamento fique pronto até o fim deste ano.



Qual o papel da Setur na preparação de Minas Gerais para a Copa do Mundo de 2014?


Estamos trabalhando de forma muito integrada com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), atuando na formatação de diversos roteiros turísticos. Segundo informações da Federação Internacional de Futebol (Fifa), os turistas que vão às cidades-sede para assistir aos jogos da Copa do Mundo se deslocam em um raio de até 150 quilômetros. Portanto, estamos estruturando o entorno de Belo Horizonte, criando roteiros e preparando as cidades. Porém, não podemos nos esquecer dos municípios que se candidataram para ser subsedes e já foram selecionadas, dessa forma, também estamos criando estratégias para essas regiões, trabalhando na interiorização do mundial.



O que a Copa do Mundo deixará de legado para o turismo mineiro?

Acima de tudo a divulgação de Belo Horizonte e de Minas Gerais no exterior. Mais importante do que o volume de turistas que passará pelo Estado, será a divulgação da cidade para o mercado internacional, pois milhões de pessoas irão acompanhar os jogos pela televisão. Em um segundo plano, a ampliação dos nossos espaços públicos, como o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão), o Independência, além da infraestrutura urbana que Belo Horizonte irá receber.



E como ficarão os trabalhos de capacitação dos profissionais?

Isso já tem sido trabalhado não só na Capital, mas também nas cidades do interior. É um dos itens do programa de estruturação dos destinos turísticos. Os turistas precisam ser bem atendidos e tecnicamente recebidos. Já estamos trabalho nisso, em parceria com a Secopa, oferecendo cursos de qualificação aos profissionais dos setores de hotéis, bares, transporte e comércio em geral. A expectativa é de que mais de 18 mil profissionais sejam qualificados em todo o Estado.



Alguns estudos mostram que Belo Horizonte corre o risco de superoferta de leitos após o Mundial. O que a Setur planeja fazer para evitar essa situação?

Hoje faltam leitos e, por isso, precisamos investir na construção de hotéis para incentivar o crescimento do aumento da oferta em Belo Horizonte. Confiamos em primeiro lugar na análise dos empresários. Os investidores não construiriam um hotel em uma capital do porte de Belo Horizonte correndo o risco de o empreendimento ficar ocioso. Porém, de qualquer forma, os trabalhos de ampliação dos espaços para eventos, bem como a conclusão da revitalização dos estádios e do aeroporto serão fundamentais nesse trabalho, para que haja um equilíbrio entre oferta, demanda e infraestrutura para o turismo da capital mineira. O governo de Minas tem feito sua parte, investindo recursos, incentivando a criação de novos destinos e atrações e criando soluções para o turismo, não somente em Belo Horizonte, mas em toda Minas Gerais.


Um comentário:

Clara disse...

Adorei seu blog. Também já pensei em fazer jornalismo, também gosto muito de escrever. Mas hoje dizem que a profissão está muito desvalorizada, tenho medo de cursas o Jornalismo e me arrepender depois. Mas, parabéns, você ama sua profissão e a faz muito bem!!! :)