quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mais do que todos os dias

Mais do que todos os dias, esta semana foi ainda mais doloroso viver sem vocês. Doeu. Doeu no sentido literal da palavra. Doeu do lado esquerdo do corpo. À frente e atrás. Doeu como eu nunca havia sentido. O primeiro ato: telefonar e instantes depois perceber que não seria possível ter o aconchego e a proteção de vocês. O namorado socorreu. Correu. Correu comigo para o hospital. Um dia inteirinho por lá. Seringas, remédios, sangue e sangue novamente. Exames. Internação. Transferência de hospital. Mais sangue, urina, raio x. Lágrimas e dores. Muitas dores. Diagnóstico. Bactérias. Congestionamento. E caiu a noite. Voltou o dia. E continuou a dor. Mais hospital, mais médico, mais remédio. Carinho de sogra, carinho de namorado. Preocupação de vocês. O telefone tocando a todo momento. E mais uma vez. O coração apertado, eu sei. E as dores por aqui. E a dor por aí. E mais uma vez. Remédios. E mais remédios. Mais lágrimas. Mais dor. Menos trabalho. Repouso. Mais repouso. Menos dor. Talvez. E a falta. Falta da presença, do cuidado. Do físico. Falta do cuidado de pai. Falta do cuidado de mãe. E a carência aparece. Permanece. E a falta aqui. Mais do que todos os dias. Mais do que todos os dias volto a me sentir criança, indefesa e percebo como é difícil viver sem vocês.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O mundo lá fora


Aquele papo de que isso ou aquilo só acontece comigo já não procede 100% na vida atual. O ser humano tem por característica acreditar que seus problemas são os maiores, mas esquece-se de que “o mundo lá fora” talvez esteja passando por situação pior.

Quando falo de problemas, refiro-me à dívida que se acumulou, ao emprego que não saiu, ao namoro que chegou ao fim, ao ente querido que se perdeu, ao negócio que não vai bem, à amizade que não era tão verdadeira, à incompatibilidade de interesses e dedicação em uma sociedade e [encaixe aqui o seu problema].

Tudo isso faz parte da vida que escolhemos viver aqui. (In)felizmente até os piores problemas fazem parte do que nos propomos passar para evoluir. Nos vemos diante de perdas, diante de sonhos que aparentam ter chegado ao fim. É então que uma dor, um desespero, uma dúvida e até o medo tomam conta da gente. Não estamos, mas deveríamos estar, acostumados a perder. E quando isso acontece ou está prestes a acontecer, um líquido chamado lágrima toma conta de nossos olhos e torna-se inevitável disfarçar o sofrimento perante aos demais.

E toda essa turbulência não acontece somente dentro de você. Amigos, parentes, conhecidos, vizinhos e artistas também passam por conflitos que nem podemos (ou não queremos – por puro egoísmo) imaginar.
E quando conhecemos a “dor” do outro, talvez um sentimento de compaixão tome conta de nosso ser. Queremos a solução, pedimos por uma reconciliação e até chegamos a nos intrometer. Mas isto não é preciso! Já dizia minha avó: se conselho fosse bom, não era dado, e sim vendido! Mas o ser humano é assim: custa a perceber o mundo lá fora e quando percebe quer ser o senhor das soluções. Bonito na teoria, precipitado na prática.

PS: Qualquer semelhança com acontecimentos reais e atuais NÃO é mera coincidência.