segunda-feira, 20 de julho de 2009

Soneto da falsa amizade


Amizade, sentimento tão bonito e essencial quando verdadeiro. Amizade, sentimento perigoso e prejudicial quando desleal. Amizade por interesse, por conveniência, acaso ou o que for, simplesmente não é amizade, não é amor. Porque amizade verdadeira, amizade que preze, não se deixa questionar. Amizade falsa, dolorida e oscilante sofre qualquer abalo e jamais recupera a estrutura – até porque, nunca a teve. Amizade leal e gostosa é aquela que todos sabemos, que todos sentimos. A falsa amizade também. Infelizmente. Quem nunca provocou, já foi provocado e vice-versa. Quem nunca sofreu por amizade, já fez sofrer algum ‘amigo’. Aposto! Pois a falsa amizade é assim: nasce como a verdadeira, é mantida como a leal, traz sorrisos como a saudável e termina com lágrimas, dor e sentimento de culpa. Culpa do eu, do sofrido, do crédulo e do inocente. Culpa de quem acreditou, sentiu, apostou, viveu e viu morrer um sentimento que nutria sozinho. E não adianta buscar motivos, pedir respostas e julgar ao próximo. Melhor deixar passar, relevar e acreditar que a vida – lá na frente – fará o melhor. De si e para si. Pois a vida e o tempo, esses sim revelam as falsas amizades e fazem manter os verdadeiros sentimentos. Sentimentos de amizade e amor que jamais terão fim.

domingo, 12 de julho de 2009

Crescer dói

As responsabilidades aumentam, o tempo escasso diminui, a saudade aperta muito mais o peito e os problemas aparentam ser bem maiores. Crescer é assim. Nos tornamos teoricamente independentes, passamos a pagar as contas com nosso próprio trabalho, fazemos nossos horários, cuidamos das coisas da casa e muito mais.

Levar o lixo para fora, não deixar as contas atrasarem, cuidar da própria alimentação, não deixar que os gastos excedam o salário no fim do mês e não tomar banhos demorados são alguns detalhes que antes pareciam simples e distantes e agora se mostram reais e evidentes.

Porém, mais do que comprovar o avanço do tempo e cravar rugas em nosso rosto, o crescimento traz consigo as dores da vida adulta. Dores das preocupações, dos receios, e quem sabe, do medo de não dar conta. Chega um momento em acompanhar gastos, organizar horários e cuidar da alimentação tornam-se apenas detalhes se comparados às preocupações, que nem sempre, apresentam-se de forma clara.

E quando falo de problemas, não quero dizer que não dei conta do recado e de minhas obrigações. Refiro-me as preocupações antes nem pensadas. Preocupações surreais. Se antes era cômodo ter como obrigações somente o estudo e a obediência aos pais, agora o que faz mais sentido ao coração é a falta não só carinhosa e sentimental da convivência diária, como o companheirismo, o cuidado e o zelo nos momentos de angústias.

A vontade de correr para o colo, pedir proteção, encostar a cabecinha no ombro e deixar o pranto rolar aumenta à medida em que se percebe não ser possível, nem ao menos, uma palavra de conforto ao telefone. Então você pensa: “É, cresci e preciso aprender a me virar...”. A gente tenta, resolve da forma mais correta, mantém a razão, mas segue com o medo de errar. “Errar é preciso”, eu sei, mas mais preciso é dizer que crescer dói, e como dói.