quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Desagradavel(mente)


A mente humana
A mente ato
A mente fato
A mentir

O desagrado
O desafago
O desafeto
A proferir

Desagrada
Enlouquece
Entristece
Faz seguir

Mente
Desmente
Contente
A sorrir

A mente humana
Que tanto tenta
Inventa
E faz surgir

A mente
Não mente
Somente
O deixa descontente

Se faz assim
E por fim
Deixa para mim
O sim

É desagradável
É descontente
Essa gente que vive
Desagradavel(mente)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

E a primeira vez aconteceu

Essa história de que espírita que é espírita não tem medo da morte é pura bobagem. Ou eu não sou espírita. Não falo sobre medo da minha morte, pois esta, ainda nem consigo cogitar (grande esperteza, pois para morrer, basta estar vivo). Falo mesmo da morte daqueles que estão ao nosso redor, para com os quais nutrimos grandes sentimentos... falo de pais, avós, amigos e tudo mais.

Na última semana, tive a experiência de uma perda próxima, que mexeu muito comigo. Não que eu nunca tivesse perdido alguém assim, mas é que eu nunca havia tido a oportunidade de vivenciar o momento propriamente dito. Já perdi parentes, amigos e tantos outros entes queridos. Chorei, senti, me informei, mas nunca havia ido, por exemplo, a um velório – imagine você. Sempre aparecia algum empecilho. Era corpo que atrasava 
demais e eu não podia esperar, era velório e enterro em cidades diferentes da que eu residia, era chefe que marcava reunião importantíssima justamente na hora ‘h’. Sorte a minha talvez... sempre fui muito sentimental e sempre achei que estas ocasiões não me fariam bem.

Pois nos últimos dias tive uma perda de grande significado e eis que estive em meu primeiro velório. Uma tristeza sem fim. Não há palavras que descrevam o sentimento, a sensação, a dor... não há! Estava lá muito mais para dar forças e assim o fiz. Tentei ser o mais firme possível para ajudar uma amiga, que tanto precisava de mim. Acho que, dentro das possibilidades, consegui. Mas doeu, e como doeu.

A ficha foi caindo, fui entendendo e percebendo como será ainda mais difícil quando acontecer diretamente comigo... Não quero nem imaginar. Sei que é preciso, que faz parte do ciclo natural da vida, mas não. Eu não entendo, eu não aceito e tenho certeza que, apesar de espírita e de acreditar em reencarnação, vai doer ainda mais quando o velório, o enterro ou o que for estiver diretamente ligado a mim – e a minha família.
A tristeza segue... o medo também... enquanto isso, sigo dando forças pra minha amiga e contemplando um belo poema que ela recebeu. Não sei se é mesmo de Santo Agostinho. Mas fica a mensagem:


Do outro lado do Caminho


A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Por que eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente.
A vida continua linda e bela
como sempre foi.